sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Rafaela Ferraz


Quando eu tinha seis anos, entrei na sexta série. Estava feliz, havia mudado de prédio, conquistado mais respeito, ao menos que pouco, dos maiores. Havia muitos rostos conhecidos, que fizeram o “pré” comigo. Mas havia algumas pessoas novas, como sempre. Uns quietos, outros mais agitados... Mas ali tinha uma menina desconhecida, chamada Rafaela. Mal eu sabia que ela se tornaria mais que minha melhor amiga, minha irmã. Éramos completamente desconhecidas, não fazíamos a menor ideia de qual era o nome de cada uma. Um nome que mais tarde ficaria marcado. Depois de um tempo, começamos a nos aproximar. Fizemos as primeiras perguntas, do tipo: “Qual seu nome?”, “Quantos anos você tem?”... E a partir dali, ficamos muito próximas, sempre juntas no recreio, e me lembro de umas das primeiras vezes que brigamos, e quando estávamos esperando a professora na porta do recreio (lembra que a gente ficava lá, esperando a professora?) eu estava do seu lado, e de repente, recebi um abraço que pensei que poderia me esmagar, seguido de um “me desculpa?”. E retribui o abraço, e voltamos a ser amigas em menos de um dia. E depois um tempo, começamos a ir uma à casa da outra, formarmos a banda “Fãs da Hannah”, fizemos teatro para o meu pai, e quando percebemos, não tínhamos uma data de “começo de amizade”! Depois de muito pensar, decidimos fazer dia 31 de março, o mês do nosso aniversário. No outro ano, começamos sentando uma ao lado da outra na sala de aula, fazíamos trabalhos juntas e muitas outras coisas. Mas então, começaram a surgir boatos de que tu iria se mudar pra Porto Alegre, mas ignoramos, porque pensávamos que iria ser apenas mais um boato, nada te tiraria dali. Mas com o tempo, os boatos começaram a se confirmar, e no fim do ano, era definitivo, tu sairia do colégio e iria se mudar. Não iríamos mais ver uma á outra todos os dias, sentar uma do lado da outra, não iríamos mais conversar frequentemente, não iríamos nos ver nos fins de semana e eu ficaria ali, à tua espera, que parecia infinita, e que depois de uns anos ou outros, fomos nos encontrando, mas tu não voltava. Passavam-se os anos e tu não estava ali, ao meu lado, conversando comigo, como sempre fazíamos. Criamos novas amizades, fomos nos deixando de lado, criamos outras melhores amigas, e com o tempo, o contato ia se perdendo... E pode acreditar, que até hoje, quando olho pra uma cadeira vaga, penso que tu podias ocupá-la.
Quando percebi, já haviam se passados anos e anos, completávamos seis anos de amizade, e nos víamos uma vez que outra, de vez em quando. Eu me perguntava se tu já havia me esquecido, me substituído, e se tu ainda lembravas-se dos momentos que passamos juntas, da amizade que criamos. E então, minhas ideias simplesmente sumiram quando vi que cada vez que nos víamos, nos abraçávamos como se fossem séculos de espera até aquele momento. E realmente pareciam.
Quando me dei conta, já estávamos com doze anos. As garotinhas de seis anos já não eram as mesmas, haviam crescido e criados novos gostos, e mesmo assim, continuávamos nos tratando como verdadeiras irmãs.
Agora eu percebo Rafa, que tu foi, é, e sempre será a minha irmã, de seis anos, que conheci quando ainda era apenas uma criança.
Eu te amo mais que tudo, não se esqueça disso nunca. Eu sempre vou estar ali pra te apoiar, não importa o que seja. Saiba que nossas brigas nunca vão ser pra sempre, porque sabe como irmã é, né?
Escrevo isso com lágrimas nos olhos, lembrando de nós. Das duas pequenas crianças, que agora, não são mais crianças. Nossa relação, Rafa, é pra sempre.
Do fundo do meu coração, com todo meu amor, te digo: Te amo, e feliz aniversário de sete anos de amizade.
 Duda.