Quando eu tinha seis anos, entrei na sexta série. Estava feliz, havia
mudado de prédio, conquistado mais respeito, ao menos que pouco, dos maiores. Havia
muitos rostos conhecidos, que fizeram o “pré” comigo. Mas havia algumas pessoas
novas, como sempre. Uns quietos, outros mais agitados... Mas ali tinha uma
menina desconhecida, chamada Rafaela. Mal eu sabia que ela se tornaria mais que
minha melhor amiga, minha irmã. Éramos completamente desconhecidas, não
fazíamos a menor ideia de qual era o nome de cada uma. Um nome que mais tarde
ficaria marcado. Depois de um tempo, começamos a nos aproximar. Fizemos as
primeiras perguntas, do tipo: “Qual seu nome?”, “Quantos anos você tem?”... E a
partir dali, ficamos muito próximas, sempre juntas no recreio, e me lembro de
umas das primeiras vezes que brigamos, e quando estávamos esperando a
professora na porta do recreio (lembra que a gente ficava lá, esperando a
professora?) eu estava do seu lado, e de repente, recebi um abraço que pensei
que poderia me esmagar, seguido de um “me desculpa?”. E retribui o abraço, e
voltamos a ser amigas em menos de um dia. E depois um tempo, começamos a ir uma
à casa da outra, formarmos a banda “Fãs da Hannah”, fizemos teatro para o meu
pai, e quando percebemos, não tínhamos uma data de “começo de amizade”! Depois
de muito pensar, decidimos fazer dia 31 de março, o mês do nosso aniversário.
No outro ano, começamos sentando uma ao lado da outra na sala de aula, fazíamos
trabalhos juntas e muitas outras coisas. Mas então, começaram a surgir boatos
de que tu iria se mudar pra Porto Alegre, mas ignoramos, porque pensávamos que
iria ser apenas mais um boato, nada te tiraria dali. Mas com o tempo, os boatos
começaram a se confirmar, e no fim do ano, era definitivo, tu sairia do colégio
e iria se mudar. Não iríamos mais ver uma á outra todos os dias, sentar uma do
lado da outra, não iríamos mais conversar frequentemente, não iríamos nos ver
nos fins de semana e eu ficaria ali, à tua espera, que parecia infinita, e que
depois de uns anos ou outros, fomos nos encontrando, mas tu não voltava.
Passavam-se os anos e tu não estava ali, ao meu lado, conversando comigo, como
sempre fazíamos. Criamos novas amizades, fomos nos deixando de lado, criamos
outras melhores amigas, e com o tempo, o contato ia se perdendo... E pode
acreditar, que até hoje, quando olho pra uma cadeira vaga, penso que tu podias
ocupá-la.
Quando percebi, já haviam se passados anos e anos, completávamos seis
anos de amizade, e nos víamos uma vez que outra, de vez em quando. Eu me perguntava
se tu já havia me esquecido, me substituído, e se tu ainda lembravas-se dos
momentos que passamos juntas, da amizade que criamos. E então, minhas ideias
simplesmente sumiram quando vi que cada vez que nos víamos, nos abraçávamos
como se fossem séculos de espera até aquele momento. E realmente pareciam.
Quando me dei conta, já estávamos com doze anos. As garotinhas de seis
anos já não eram as mesmas, haviam crescido e criados novos gostos, e mesmo
assim, continuávamos nos tratando como verdadeiras irmãs.
Agora eu percebo Rafa, que tu foi, é, e sempre será a minha irmã, de
seis anos, que conheci quando ainda era apenas uma criança.
Eu te amo mais que tudo, não se esqueça disso nunca. Eu sempre vou
estar ali pra te apoiar, não importa o que seja. Saiba que nossas brigas nunca
vão ser pra sempre, porque sabe como irmã é, né?
Escrevo isso com lágrimas nos olhos, lembrando de nós. Das duas
pequenas crianças, que agora, não são mais crianças. Nossa relação, Rafa, é pra
sempre.
Do fundo do meu coração, com todo meu amor, te digo: Te amo, e feliz
aniversário de sete anos de amizade.
Duda.